deitei-me de barriga para baixo, o sol a desenhar-me o contorno a preto. fechei os olhos e a terra começou a rodar em todas as direcções. agarrei-me aos joelhos para não cair. parecia que me preparava para a ausência de gravidade, mas só queria andar em frente, de pé como os outros. o dia e a noite sentia-os como solavancos até que deixei de perceber em que hemisfério me encontrava. os olhos, de tanto tempo cerrados, recusavam-se a abrir, afundavam-se e fundiam-se com o rosto, a cabeça, os braços, as pernas, os pés. no seu movimento constante a terra transformou-me de novo em massa disforme. e, numa última comoção, cuspiu-me de novo, inacabada, imperfeita. levantei-me e andei como pude.