ofereceram-me um avental para a alma. faltam-me as luvas para abrir o forno.

escrevi-te uma carta. desenhei todas as letras de cada palavra sem levantar a caneta do papel (os tês e os is não contam). fechei o sobrescrito. agora têm umas tiras autocolantes e o valor do selo já impresso. saí com um vazio nas mãos, um buraco no sítio dos gestos sem peso. tapei-o com a senha da minha vez. sou a seguir.

como é que era mesmo? duas voltas para a direita, não, duas voltas para a esquerda. tonta, tonta. tocaste-me na ponta do nariz. o choque. ligada à terra com a chave na mão, sou condutora de electrões. é entrar, é entrar. cuidado com as correntes de ar.

raízes de flores comestíveis
entra. o universo não tem porta.
estava a fazer uma salada. queres?


[para r.]