voa, voa sofia
vem ver o nascer do dia
vem ver


câmaras pulsantes

trago uma resma de folhas
presa ao ventrículo direito

passo o dia a pensar como passá-las
para o ventríloquo esquerdo



do céu caem pétalas brancas

futura














desliguei o céu por um instante
perfurei a película e senti
escorrer-me pelo braço o líquido
que cola os dias

tenho as manhãs coladas às noites
um calendário muito magrinho

conta-me. os voos amortecidos na pele áspera
não me incomodam. incomodam-me as horas rasteiras que se esfregam em mim com violência. o atrito. claro que um sorriso teu, um chamar, tudo muda. abre-me uma caixa no peito maior que a nossa casa. estou aqui, inteira, tua, são teus todos os meus gestos. não sei onde os guardas. és tão pequenino. maior que eu.

ando aos poucos a deixar-me de coisas
não é fácil vestir roupa sem bolsos. fico sem saber o que fazer com as mãos
as minhas mãos sempre foram âncoras. faz-me impressão vê-las velas
enfu nadas

onde andas?
red onda.

read my lips
no meu corpo rasgam-se bocas em sítios improváveis.