visita

abres-me janelas nas semanas
que me dispensam em lamelas compridas
não sei como fazes
se trepas pelos ramos que escaparam
à motosserra
como prevenção de outros vendavais
ou se consegues ver o vidro redondo
e embaciado
da clara
bóia
onde vou ensaiando pequenos sorrisos
com o indicador
quando me apanho sozinha
(o vidro que não existe
nesta empena que uso como fachada)
tiras-me da minha tanatose
no parênteses dos teus braços
sou sem ter de saber o quê
estou sem perceber que cheguei
vou sem sobressaltos