que vontade de me deixar ir

o escorrega é enorme e tem um alto a meio
sei que vai fazer aquela impressão na barriga
sei que vai ser bom
que me vou esquecer de tudo
na vertigem da descida

sei que vou fechar os olhos
que vou sentir as folhas do ramo mais baixo
tocar-me no cabelo em desalinho
mas já não haverá nada a fazer

as cores já não terão cor
as formas não terão forma
os dias não terão horas
o peso não terá tamanho
e cada pecado
perderá o seu preço

restará a memória
a minha feita em massa de bolo
a dos outros o açúcar
com que enganei os tolos