mukashi mukashi

passos que furam o chão
fee-fi-fo-fum
os teus sapatos gastam-se
sempre do mesmo lado
queres atar-me a linha do ponto a ao ponto b
ao pescoço
mas eu (ainda) sei saltar ao elástico
até terceiros
e chega bem


mãos que rasgam envelopes
o meu nome rasgado ao meio
o meu nome sem casa
e a casa em triângulo
que faz desaparecer coisas
pelos teus bolsos sem fundo
areops!

o efeito da erosão
na tua escova de dentes
das palavras que ranges
enquanto eu bato nos ouvidos
para que a percussão abafe essa tua fúria
essa necessidade de atrito

atiras-me o teu rasto de nada
para que tropece
mas eu (ainda) sei saltar à corda:

ursa entra no jogo
ursa arredonda a saia
ursa dá meia volta
e ursa sai do jogo
na próxima à esquerda

a calçada portuguesa não se compadece das nossas bolhas de vidro
tem buracos que travam as trajectórias red
ondas
berços de viagens por fazer
as arestas das pedras mal ni
veladas reduzem o desejo a vidro moído
desviamo-nos dos círculos dentro deste almofariz
para nos perdermos em elipses forçadas
e evitar algumas ruas