atrás do sol
prometeu-me um sinal todas as noites, um clarão, um risco no céu, um acender, um apagar. para que não restassem dúvidas apareceu-me à janela e aqueceu-me os ombros e o rosto. depois afastou-se, caminhando de costas, com os olhos presos aos meus como dois feixes de luz. fiquei ali plantada, ganhando raízes que se entranharam pelas frestas dos mosaicos, pelos tijolos, pelas tubagens, calcorreando paredes em busca de solo, de outras raízes, desviando-se de alicerces e de lençóis freáticos, correndo mais depressa que as horas do dia, mais ardentes que o próprio núcleo da terra, até chegar ao outro lado do mundo. e, no entanto.
para a *
desdobrou-se em camadas finas como folhas e meteu-se no forno. eléctrico. saiu inteiro, soldado, preso por pinças, acabado. pronto.
à sua espera uma fanfarra de instrumentos, bons e maus condutores de corrente. na única boca que desejava sucumbiu ao peso dos dentes, às voltas da língua. como uma ave que p
ousa num ramo mais leve que o seu próprio corpo.
Subscrever:
Mensagens (Atom)