silêncio e sangue.

sou vento e queda. livre

sou chama e sopro

nasceram flores na minha cabeça. flores que enrodilham raízes em mim e crescem para além dos pensamentos errantes. dos pensamentos errados. dos pensamentos constantes. dos pensamentos cortados. são muitas, brancas e belas. nem sempre cabem no cabelo e não costumo usar chapéu: sei que hão-de perder as pétalas. pergunto-me se virão outras. as raízes sei que ficam. sou eu quem se alimenta delas.

tenho um tendão na mão que me impede de a fechar
as coisas pousam e passam como sílabas soltas que não chegam

harmonia
tocas-me com dedos invisíveis, finos como agulhas compridas. dedos que se perdem nos poros e tacteiam em busca de algo que não conseguem trazer para fora. algo que pulsa, maior, indiferente ao teu desejo cirúrgico. pergunto-me o que fariam os teus dedos com esse pedaço de carne sem pele se ele coubesse numa mão fechada.