obs.
há um homem que se cruza no meu caminho todos os dias em sítios improváveis. tem um andar rápido, decidido, e um olhar de quem já chegou antes das pernas e descansa à espera que o corpo se junte a ele. geralmente vejo-o na estrada das vinte e oito oliveiras. uma recta comprida, sem passeio, com vinte e oito árvores velhas e raquíticas, sem o brilho lustroso das centenárias que plantam nas rotundas. estas, pelo contrário, parecem crescer sobre o muro de pedra, sem terra que lhes alimente as raízes. será certamente uma ilusão de óptica provocada pela diferença de cota do terreno por detrás do muro. o homem tem um ombro ligeiramente descaído.