Tenho os pulmões encharcados em choro seco,
uma rocha plana que me aconchega o peito.
A tampa da escrivaninha
do meu quarto de menina
escondia papéis amachucados
com frases sobrepostas,
aparas e copos sujos de chocolate.
À frente, no seu suporte perfeito,
duas canetas
só para enfeitar.
Sempre gostei do cheiro das aparas
e dos bicos de lápis desfeitos,
o cheiro a estojo fechado.