tapei-te os medos com ligaduras
embebidas em mel cicatrizante
meticulosamente arrancadas
à minha própria pele
dando nós pequenos
quase invisíveis
que não se prendessem na roupa
sorvi-te os grãos de ansiedade
como pólen que transformava em tempo
bebi-te as palavras ínvias
com os meus lábios feridos
que não chegaste a sentir
ficou-me o travo amargo na boca
a ferida no lugar da pele
e o frasco vazio do mel
que hei-de lavar com água quente
para aquecer as mãos
e reutilizar um dia
sem tampa