pós-revolução
dois aviões de guerra passam por cima do portão
e desaparecem atrás de um telhado
depois mais um e mais outro avião
videogames com o dinheiro do estado
são feios como o dia que se pôs
cortam o céu às
tiras como tesouras
e fazem um ruído estéril de lâmina romba
eu, pelo menos, estou doente
e não se nota
não poluo, não me imponho
e ainda sonho
mesmo que não voe
a cinza prendeu-se à teia
e eu, sem medo da aranha
enxotei-a para fora
tenho filmes e capítulos pela frente
filhos e casas para habitar
e vejo que as ervas estão em flor
flores feias são flores
mesmo que se enganem na cor