bicho da seda
não é mais que
um zumbido no meu ouvido a tua
presença ou a
presença da tua
ausência
um zumbido, um
zoar, um zunir
sem sentido e
sem dor
não é mais que
a inevitável promessa de uma
morte lenta
apesar de saber
que dos casulos
que
laboriosamente teces poderia talvez
poderia talvez
um dia
poderia talvez
um dia se eu quisesse
extrair algo de
belo se me apetecesse, mas
repugna-me a
tua pele repugna-me o teu
movimento
eu
que subo às
árvores para colher folhas
verdes
com as quais
filtro a minha
luz
as mesmas
folhas
verdes
que tu mastigas
e digeres
não te quero a
viver debaixo da minha cama
podes morrer
com ou sem asas que já não me importo