deitar
ouvem-se os pios dos mochos
como alinhavos na noite que gela
e de dia, para pasmo de todos,
vêm do nada papagaios verdes
posar para nós sobre os ramos nus
as árvores, carregadas de ouriços,
parecem de prata sempre que chove
aqui geralmente
os homens andam de boca aberta
alguns mesmo de língua pendurada
e as mulheres, imóveis,
trazem a boca blindada
ambos ocupam e desocupam cadeiras,
camas, corredores e degraus
palmeiras órfãs de trópicos
espreguiçadeiras órfãs de piscina
e eu, órfã de alice,
aqui estou sentada no muro
o meu muro articulado
com resguardo
e ao lado
a ceia de chá e bolachas maria