chegaste como um som límpido
que suprime a luz em volta
trapezista sem vara
numa corda em rigorosa tensão
e como uma vaga de fundo
que apenas se pressente
nas imagens reflectidas
em janelas que se abrem
ocupaste-me as sombras
subiste-me pelo ventre
desenhando o contorno do mundo
com as pontas dos dedos
no espelho embaciado
da minha voz


21 de novembro de 2015