tapumes
ninguém me disse que o coração se abria com uma micro chave sextavada
com nove pontas de precisão
talvez por isso andasse a dormir ao lado da cozinha
e a sonhar com la
gosta suada
(prato que nunca fiz por pudor de meter outro bicho que não eu própria numa panela de água a ferver)
pesadelos às prestações

também ninguém me disse que a gaiola que resguarda o coração
não tem porta
talvez por isso de nada me tenha servido
o pé de cabra que guardo atrás da porta de casa
nem o lenço da cabra cega
nem a cábrea que ainda me ampara
trago os bolsos cheios de pessoanas pedras
que converti em seixos com as minhas mãos
hei-de de saber atirá-los em arcos perfeitos a perder de vista
sobre um espelho de água impossível de partir