e de espectro espantado
quando visto
passou a peso de balança
grande, castanho e
ferrugento
obsoleto
maior que o prato
maior que o contrapeso
em desequilíbrio
constante a um canto
devia ser coxa ou muda ou
cega
e é, na verdade, tudo
isso
coxa, muda e cega
traz os bolsos cheios de
papéis rasgados
outros que não rasgou mas
há-de fazê-lo
e traz as mãos sempre
dentro dos bolsos
por não saber o que fazer
com elas
muito menos com as
impressões digitais
que deixam marcas
graffitis invisíveis de
festas
que só se revelam nos
vidros das janelas
nos copos e nos pedaços
de fita cola
que corta com os dentes
e de cada vez que o faz
cai-lhe um dente
e um olho
e um braço
cai-lhe depois o coração
e o outro olho
o outro braço
as pernas há muito que
fugiram
resta-lhe a pele de
fingir
insuflada
que não é nada
mas há-de ser
uma coisa qualquer