prendeu-se um fio numa cerca que saltou com toda a graça e
cuidado, mas a corça saltou do telhado e era só aparente a leveza. o vento
engolia a distância. viu-se nuvem sem o novelo que, sem ver, se esvaía em
vermelho. sem nós, sem a malha repuxada, o chão sabia-lhe a nada, o pêlo a
penas de garça, a corrida a devoção e as constelações a novenas que alguém ali
pusera em seu nome. quando parou era uma árvore velha e oca, alimentada por
correntes de ar, coberta de folhas que escondiam um ninho e com raízes
profundas, até ao centro do mundo. sem seiva, mas teimosa de vida, pulsando
dias secos de céu azul.