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perspectiva
o interior do submarino parecia-me agora uma jaula, uma caixa para transportar animais em viagem. mas não havia uma mão a segurar na caixa, nenhuma mão que pudesse morder para mostrar a minha frustração. aproximei-me do cais, com as suas pinturas desbotadas. não havia uma única pintura recente.
que mania de fazer listas e não as rever. estava na lista, ponto três, ir buscar a garrafa de oxigénio. a impossibilidade sobrepunha-se, pesada, à vontade de realmente sair. teria eu vontade de conhecer aquele porto de pessoas de respiração suspensa? segundo o meu guia, antes de sair de casa, os habitantes da ilha respiram fundo de forma a armazenar oxigénio em quantidade suficiente para o resto do dia e vão-no libertando com parcimónia, para não o esgotarem no primeiro encontro. caminham direitas, com a boca atada num nó como um balão de borracha, e limitam os cumprimentos a um piscar de olhos, não fosse um movimento mais brusco desatar o nó e exauri-las. as portas e janelas das casas estão completamente vedadas ao exterior, existindo, ao lado da torneira da água quente, uma saída de ar e um pressurizador. as garrafas de oxigénio foram abolidas nesta ilha por limitarem a liberdade individual e provocarem problemas de postura.
não queria realmente sair. mas queria poder sair se quisesse.