passaste a noite a coser um vestido. a coser e a bordar. porque achas sempre que consegues fazer com que tudo o que queres fazer caiba no tempo que tens. tinhas razão. conseguiste acabar. mesmo a tempo de tomar um duche e pentear os cabelos desgrenhados. saíste para a rua a cheirar bem e com os passos escondidos debaixo do vestido novo bordado à mão, mas a cara mostrava as horas passadas a fio. o ar gelado da manhã foi como um tónico para as linhas em volta dos olhos. a tesoura esquecida entre o médio e o indicador.