ando a catar os pontos das minhas vírgulas
um a um com um cotonete embebido em lixívia
são micro-alvos para todas as acutilâncias
caixas guardadas por mil pandoras
macro-poços de todas as existências
berlindes pesados nos bolsos de duas crianças
parasitas que me travam as horas
a ti que penduraste uma vírgula no meu ponto
dedico as folhas intumescentes
que brotam neste estranho calendário
árvore de raízes expostas
duas vezes nascida do mesmo ventre